Entrevista
Paulinho destaca conquistas sindicais
e diz que Serra não gosta de trabalhador
Pereira, Almeida e Paulinho, em evento do Sindicato |
O Departamento de Imprensa do Sindicato entrevistou Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, dia 30 de abril. O parlamentar pedetista estava em Guarulhos na festa pelos 47 anos do Sindicato. A entrevista feita pelos jornalistas João Franzin e Jota Gomes.
João Franzin - Paulinho, hoje, 30 de abril, o Sindicato completa 47 anos. É quase meio século de história, de existência, de atuação em prol dos trabalhadores, da cidadania e da democracia. Não é todo dia que um Sindicato completa 47 anos – e com essa história – não é verdade?
Paulinho - É verdade! Acho que os metalúrgicos de Guarulhos são um exemplo, não só para a categoria, porque defendem os salários, defendem os interesses dos trabalhadores da categoria, mas porque extrapolaram essa atuação. Hoje, o Sindicato representa os trabalhadores do Brasil, na defesa dos interesses dos trabalhadores metalúrgicos a nível nacional, nas lutas em Brasília, no Congresso Nacional, nas negociações com os ministros, com o presidente da República. O Pereira é, hoje, um grande dirigente sindical, tem uma grande diretoria e, lógico, é presidente de uma categoria que é uma das maiores do Brasil. Eu quero parabenizar o Pereira, toda a diretoria e toda a categoria pelo Sindicato estar completando 47 anos de lutas e conquistas. É um Sindicato que tem um grande patrimônio, um clube maravilhoso, que poucos Sindicatos têm. Só tenho que agradecer o trabalho que os metalúrgicos de Guarulhos vêm realizando pelos trabalhadores do Brasil.
Franzin - A crise felizmente já acabou. O Brasil está produzindo bastante, as fábricas estão bombando... Há duas tarefas este ano: a conquista das 40 horas e um bom aumento de salário para os trabalhadores. Você acha que essas duas metas são possíveis?
Paulinho - Acho que sim. Quando o País cresce, melhora pra gente poder lutar com mais tranqüilidade – porque, se você está em crise, a preocupação do dirigente sindical e dos trabalhadores é com o seu emprego. Quando o Brasil cresce e volta a ter emprego, que você pode sair de uma empresa e arrumar emprego em outra fábrica, isso facilita a nossa luta. Acho que este ano é um ano em que os trabalhadores vão melhorar muito o seu salário e também a luta pelas 40 horas vai aumentar nas empresas que não reduzirem a jornada. Se não conseguirmos isso no Congresso, vamos conseguir fábrica por fábrica ou nas negociações de data-base. Tudo isso vai ser importante pra gente conseguir a redução da jornada para todos os trabalhadores do Brasil.
Franzin - Vamos falar um pouco de política. Há uma certa cultura negativa em termos de participação política. O trabalhador às vezes é muito reticente à idéia de política. Acha que tem de deixar para os políticos profissionais, que ele não está preparado, que na política só tem sujeira. Há uma cultura negativa nesse sentido. Você é um deputado que foi eleito basicamente pelos trabalhadores e está sendo muito bem avaliado. Está tendo um mandato exemplar. Que conselho você dá a um trabalhador em relação à política: deve ou não deve participar, e por quê?
Paulinho - Acho que isso é uma coisa que a gente tem que mudar. Mas acredito que vai mudar muito devagar. No geral, nós somos a maioria. Os trabalhadores, o povo pobre é a maioria, mas, no Congresso Nacional, nós somos minoria absoluta. Por isso é que as questões dos trabalhadores enfrentam dificuldades para serem votadas no Congresso Nacional, porque nós não temos gente, nós temos a minoria no Congresso. A grande maioria é de empresários, ruralistas, gente que não gosta de trabalhador, e, lamentavelmente, normalmente o trabalhador acaba votando neste tipo de gente que vai para o Congresso Nacional votar contra ele.
Então, acho que isso não muda de um dia pro outro, é a consciência do povo que vai melhorar essa situação. Já conseguimos eleger o presidente da República e vamos continuar com certeza esse projeto que o presidente Lula implantou. Nas a mudança do Congresso, de ser mais voltado para os interesses do povo brasileiro, aí é mais devagar; aí quem domina são as elites, que elegem seus representantes, inclusive jogam com essa coisa de desmoralizar o Congresso pra eles continuarem mandando. Mas, apesar disso, temos tido algumas conquistas. É uma luta difícil, mas normalmente a gente tem conseguido votar algumas coisas para os trabalhadores, como o salário mínimo, aumento para os aposentados, a questão do comércio aos domingos, a regulamentação das Centrais Sindicais. Então, algumas conquistas têm acontecido.
Franzin - Este ano teremos eleições. Não serão quaisquer eleições. Nós vamos decidir quem será o presidente da Republica a partir do ano que vem. A disputa está polarizada entre Dilma, que é a candidata do Lula, e o Serra, que é candidato mais tucano, mais ligado ao esquema neoliberal. O PDT fechou a questão com a Dilma e quero saber qual sua posição e disposição de engajamento na campanha da Dilma?
Paulinho - Eu tenho falado que eu vou trabalhar mais pra campanha da Dilma do que pra minha campanha. Porque se eu me eleger melhor do que fui eleito, ótimo, mas, se eu não me eleger e a Dilma ganhar a eleição, com certeza o Brasil vai continuar no rumo certo. Acho que temos de jogar tudo na campanha da Dilma, porque tenho certeza que se o Serra ganhar a eleição ele vai tirar os direitos dos trabalhadores. Férias, 13º, Fundo de Garantia, tudo isso passa a correr risco, porque o compromisso dele não é com os trabalhadores – ele não gosta de trabalhador. Então, nós precisamos ter todo o empenho, jogar muito pesado. Eu vou percorrer fábrica por fábrica, bairro por bairro, as favelas de São Paulo. Acho que temos de ganhar do Serra aqui em São Paulo. O movimento sindical tem por obrigação fazer isso, porque não podemos permitir que um sujeito que não gosta de trabalhador seja presidente da República. Tem que perder aqui em São Paulo, para aprender a tratar melhor os trabalhadores.