O paraibano Edmilson Felipe Nery, presidente da Associação dos Trabalhadores Metalúrgicos Aposentados de Guarulhos (Atmag), é um homem de muitas e boas histórias sobre o movimento sindical. Aos 70 anos bem vividos, nasceu em 15 de maio de 1940, gosta de falar que faz parte “da esquerda” brasileira praticamente desde que nasceu na pequena Santa Rita, nas proximidades de João Pessoa. Seu pai, Manoel, era militante socialista e ele sempre o acompanhou. Não abre mão de suas convicções, e já sofreu muito por isso.
Casado há 39 anos com Lúcia Mariana, Edmilson tem duas filhas (Luciana e Patrícia). Veio para São Paulo, em fevereiro de 1960, não para buscar novas oportunidades – como a maioria dos nordestinos – mas para “mudar de ares”. Em sua terra natal, trabalhava como torneiro mecânico desde os 14 anos de idade. “Fiz o Senai e entrei numa fábrica. Nunca gostei de ficar parado”, diz.
Início - Assim que chegou a São Paulo, vindo do Rio de Janeiro, onde morou por nove meses, Edmilson ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e passou a frequentar o Sindicato. “Naquela época não havia problema de se dizer comunista, mas quando veio o golpe de 1964 a coisa ficou feia. Passamos a ser cassados pelos militares e por outros que apoiavam aquele regime violento”, comenta.
Antes do golpe, porém, Edmilson ajudou a fundar o Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região. Ele conta: “Naquela época, nós éramos vinculados ao Sindicato de São Paulo, mas havia aqui uma dissidência que queria fundar a entidade própria em Guarulhos”. O primeiro passo foi fundar a Associação da categoria. “Primeiro, abrimos a Associação dos Metalúrgicos, mas, em 30 de abril de 1963, realizamos nosso sonho e fundamos o Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região”, recorda.
Uma das marcas da entidade, já nos seus primórdios, foi a prestação de serviços. Edmilson afirma: “Antes, quando era apenas Associação, oferecíamos vários serviços aos associados. Com a fundação do Sindicato, continuamos oferecendo os serviços, ampliamos a prestação desses serviços e avançamos muito na constituição de um grande patrimônio para os trabalhadores”.
Crescimento - A criação do Sindicato de Guarulhos coincide com um período de forte crescimento industrial na cidade. Segundo Edmilson, na década de 1950, “começaram a surgir grandes empresas na cidade, como a Olivetti, Phillips, SKF, e a categoria não queria mais responder para São Paulo ou depender de um Sindicato de fora. Precisávamos andar com as próprias pernas”.
Em 1967, Edmilson – que morava em São Paulo e trabalhava em Guarulhos, na Otto Deutz (atual Cummins) – se mudou para Cumbica, onde reside até hoje. Ele se orgulha de ter participado de todo processo de fundação do Sindicato, mas somente em 1972 veio a ingressar na diretoria da entidade.
O enfretamento da ditadura militar, que não tolerava as lutas sindicais, marcou a vida do militante sindical e ativista comunista. Ele conta sobre as durezas daquele tempo: “Tudo o que fazíamos tinha que responder ao antigo Dops, que era uma espécie de órgão fiscalizador e braço da repressão. Qualquer assembleia tinha de ser comunicada aos agentes do governo ditatorial. Não podíamos fazer nada sem avisar os militares. Na diretoria do Sindicato, só podiam atuar pessoas que tivessem ficha limpa, ou seja, fossem do agrado dos militares. O que não era o meu caso!”.
Diretoria - A militância de Edmilson acabou o levando à direção da entidade de classe dos metalúrgicos. Assim, de 1972 a 1978, ele foi secretário-geral do Sindicato. Em 1978, foi eleito presidente da entidade e permaneceu à frente do Sindicato até 1987.
A gestão de Edmilson, com os demais diretores, foi marcada por lutas, obras e realizações. Em sua gestão, foram concluídas e inauguradas várias obras que engrandeceram o patrimônio do Sindicato, como a sede antiga (começou em 1969 e foi inaugurada em 1975); o Clube de Campo, no Parque Primavera; a Colônia de Férias, em Caraguatatuba; as subsedes de Arujá e Terra Preta (Mairiporã); e a Escola Técnica, que funciona até hoje.
Continuidade - Edmilson valoriza muito a linha de continuidade do Sindicato. Ele afirma: “Todos os presidentes que me antecederam – e os meus sucessores – deram sequência à evolução do nosso patrimônio, que hoje é ainda maior graças à sede nova, ao ginásio poliesportivo, ao campo com gramado sintético e ao Centro Recreativo e de Lazer em Vargem”. “Cada presidente e cada diretor deram sua contribuição efetiva”, ele destaca.
Recado - Edmilson foi um dos fundadores da Atmag (Associação dos Trabalhadores Metalúrgicos Aposentados de Guarulhos), em 1984, entidade que ele preside atualmente. A Associação tem sede própria, à rua Etore Thomaz Tamássia, 48, Centro, Guarulhos.
Sempre presente nas lutas sindicais e nas mobilizações da Terceira Idade, Edmilson Felipe Nery é um homem antenado aos novos desafios. Por isso, ele valoriza muito o conhecimento. E aconselha: “Para ter sucesso em sua vida, a pessoa precisa estudar. Não adianta ir de casa pro trabalho e vice versa. Tem que se qualificar profissionalmente. Aliás, isso é justamente o que apregoa o presidente do Sindicato, José Pereira dos Santos. A pessoa só vai ter melhores condições de vida se tiver uma boa formação profissional, procurando sempre estar atualizado”.
Associação - Edmilson pode ser contatado na Associação dos Aposentados. Telefone 2468.8849.