Condições para avançar
Uma vez, o presidente Fernando Henrique afirmou que é fácil governar o Brasil. FHC fazia uma de suas conhecidas ironias. Mais recentemente, a presidente Dilma declarou: “O PMDB só me dá alegria”. Evidentemente, queria dizer outra coisa.
Se é fácil governar, por que nenhum deles, até agora, fez as reformas necessárias para o Brasil, inclusive as reformas de base propostas pelo ex-presidente João Goulart?
Não é fácil governar qualquer país. Os problemas são concretos, exigindo atenção permanente dos governos. Um governante é medido por aquilo que realiza, em ações e obras. Mas, se vale o que é feito, vale também o que se evita de pior.
Num país ainda em construção, como o Brasil, vive-se evitando o pior. Nos últimos tempos, o governo evitou alguns problemas graves. O primeiro é o apagão de energia. O apagão afetaria a todos, mas sangraria nossa indústria, que já sofre concorrência desleal e tem problemas com a infraestrutura defasada.
Outro problema evitado é a explosão da inflação, que continua sob controle. Esse controle é uma luta constante, que tem custos para a Nação. Um desses custos é a alta nos juros, que impede o desenvolvimento mais acelerado do País e concentra renda.
Recentemente, os problemas eram as contas públicas. O alerta vinha das agências de risco, muito atentas ao Brasil, mas descuidadas quanto aos Estados Unidos, onde não previram a crise do “sub-prime” de 2009, que espalhou crise e desemprego pelo mundo.
Não se governa com bravatas. O mundo é cada vez mais complexo e interligado. Um mau passo do Brasil cria problemas internacionais e uma medida errada de um país parceiro nos afeta duramente.
Exceto a China, nenhum país relevante está crescendo. Além de não crescer, esses países atacam direitos dos cidadãos. No Brasil, principalmente graças à resistência do movimento sindical, nenhum direito foi cortado, nenhuma conquista foi derrubada.
Ao contrário. As categorias continuam obtendo ganho real e o próprio aumento do salário mínimo, tão combatido pela direita, está assegurado, segundo pronunciamento da própria presidente Dilma.
Estamos em ano eleitoral e os candidatos vão falar do futuro. É importante. Não menos importante é saber que garantias haverá quanto ao que já temos em termos econômicos, sociais ou trabalhistas. Porque, para avançar, o Brasil precisa garantir o que conquistou.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com
Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos Hoje, dia 14 de maio de 2014.